Após séculos de muita especulação e teorias (das mais absurdas até as mais acadêmicas), o enigmático Voynich finalmente foi decifrado. O documento, de aproximadamente seiscentos anos de idade foi descoberto por Wilfrid M. Voynich em 1912, após ele ter adquirido por volta de trinta livros da biblioteca do padre jesuíta Giuseppe Strickland, e desde então tem sido formalmente chamado de manuscrito MS-408 na  Beinecke Rare Book and Manuscript Library da Universidade de Yale.

         O livro está divido em seis seções: Herbal, Astronômica, Biológica, Cosmológica, Farmacêutica e Receitas.

Acredita-se que tenha sido parte da coleção privativa do rei Rodolfo II do sacro império Romano, que o comprou por 600 ducados (valor altíssimo à época) por acreditar que poderia ter sido escrito por Roger Bacon.

Desde sua descoberta centenas de estudiosos tentaram arduamente quebrar o código do manuscrito, e até mesmo o FBI dos EUA chegou a oferecer um prêmio em dinheiro a quem quer que provasse que havia conseguido (principalmente depois de até mesmo a CIA ter falhado em fazê-lo).

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A solução foi descoberta por Ahmet Ardiç, um senhor de origem turca, engenheiro elétrico e que gosta de estudar turco antigo. Ahmet percebeu um padrão: repetidas palavras começavam pelo mesmo símbolo, levando-o a acreditar que o código pudesse ter relação com o turco antigo.

A princípio, Ahmet identificou mais seis símbolos que se repetiam como aquele que ele identificou anteriormente. Depois de mostrar o manuscrito aos filhos e pedir-lhes ajuda, a família começou a trabalhar arduamente na teoria da relação com o turco antigo.

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Ahmet Ardiç

“O turco é uma língua aglutinativa e a maneira como funcionam essas línguas são palavras que tem raízes, e depois são unidas a sufixos ou prefixos e outras raízes. Ao fazer isso você pode mudar completamente o significado da palavra original ou criar variações dela” – Ozan Ardiç, um dos filhos de Ahmet.

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Ao que parece, o autor original do manuscrito usou ortografia fonêmica, onde você escreve as palavras da mesma maneira que as ouve e foi escrito da esquerda para a direita. Ao estabelecer isto, só restou um extenso e intenso trabalho de pesquisa para identificar similaridades entre os caracteres do manuscrito Voynich e da língua turca antiga.

Muitos dos caracteres, descobriram, também são usados em línguas sírias, proto-europeias e semitas. Após descobrir os primeiros sete caracteres (aqueles repetidos que eles identificaram como os mais comuns), o próximo passo foi identificar as figuras através de palavras feitas desses caracteres próximas a elas. Por exemplo: no folio 67-R é possível ver doze divisões em uma imagem de aparência astronômica, e a conclusão mais óbvia para eles é que se tratava de doze meses do ano, iniciando o processo de pesquisa dos meses do ano em turco antigo e seu equivalente moderno e substituir os caracteres que já haviam decifrado, de modo a descobrir o significado dos demais caracteres nas palavras conhecidas.

folio 67-R

 Inicialmente conseguiram fazer a correspondência de ao menos cinco desses meses com o turco e com isso já tinham o suficiente para decifrar os caracteres restantes do alfabeto usado no manuscrito. O alfabeto é composto por vinte e quatro letras básicas e sessenta e duas letras combinadas. Algumas dessas letras também tem valores numéricos a elas agregadas, assim como muitos alfabetos antigos anteriores a invenção dos números.

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Traduziram então uma página completa do texto (folio 33-V), e para confirmar se o método da tradução estava correto, traduziram uma outra página aleatoriamente usando o método de tradução direta, onde foi possível traduzir mais trezentas palavras. Com a tradução dessas páginas, a família Ardiç já era capaz de traduzir aproximadamente trinta por cento de todo o manuscrito.

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A partir de tudo o que descobriram, os Ardiç organizaram um artigo acadêmico e enviaram para Universidade de John Hopkins, na esperança de que uma equipe acadêmica possa ajuda-los na tarefa titânica de traduzir todas as duzentos e quatro páginas cifradas em turco antigo.

Minha esperança é de que a comunidade acadêmica leve a sério o trabalho que foi feito, uma vez que o costume é simplesmente negar e zombar de fontes não-acadêmicas antes mesmo de analisar seus trabalhos pelo simples motivo de os autores não serem também acadêmicos. Através da tradução desse manuscrito nós teríamos acesso a muito mais informações a respeito da origem, autores, visão de mundo e etc do ambiente em que foi escrito, podendo abrir novos campos arqueológicos e nos fazendo pensar novamente a respeito de coisas que já tínhamos como totalmente compreendidas.

O que nem os algorítimos dos computadores mais avançados conseguiram fazer, foi feito por um engenheiro elétrico e seus filhos em um projeto de quatro anos de pesquisa.

Você pode ver o vídeo com mais detalhes (em inglês) clicando AQUI.

 


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