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                 A Serpentarius é um conceito em constante desenvolvimento. Ouvimos sempre falar a respeito de escolas de mistério da antiguidade, bibliotecas ocultas, sacerdócio, vida monástica, grandes magos e magas do passado… e como é que tudo isso se aplica hoje, na Era da Informação? Onde é que ficam as bibliotecas ocultas nesse oceano de informação que a Internet nos proporcionou? E mais importante do que as questões anteriores: onde e como são as práticas espirituais e como é o buscador do século XXI?

                  No Budismo costuma-se dizer que há três períodos que se repetem ciclicamente: o período da Verdade, o período da Imitação e o período da Degeneração. No período da Verdade há Budas vivos, textos e práticas; no período da Imitação, só há textos e práticas; e por fim, no período da degeneração, só há textos, mas nenhum Buda vivo pra guiar e nenhuma prática a ser imitada. Foi pensando nessa forma (e em várias outras formas) de mensura do tempo através do nível vibratório da consciência humana, que surgiu uma necessidade profunda de resgate (na verdade, exaltação, porque nada disso de fato está ou esteve perdido, apenas dormente) de certos valores e práticas e de a partir deles, formar individualmente uma visão do Mundo e da Vida. O conhecimento é pra ser apenas repetido, ou é pra ser observado e questionado, posto em prática? Onde estão os grandes iniciados, as ordens e sociedades secretas, os covens e as Escolas de Mistérios? E principalmente: por que esperar por eles, se podemos todos trilhar nossos próprios caminhos e explorar nossa própria (sempre mutável) Verdade?

                Inspirada nesses questionamentos, a Serpentarius é uma iniciativa que busca a reflexão, resgate e prática da Espiritualidade, para que cada indivíduo se sinta estimulado a buscar e pôr à prova a sua Verdade. É interessante uma alegoria antiga que trata da evolução espiritual como a escalada de uma montanha: as vezes nós vamos por um caminho pouco inclinado, suave, e bem longo (mas ainda sim, muito valioso); as vezes vamos por um caminho muito íngreme, de rápida ascensão e bastante trabalhoso, mas esses caminhos seguem uma espécie de padrão: toda montanha tem níveis, ou seja, platôs, e nessa caminhada rumo ao topo nós vamos parando um pouco nesses platôs pra poder acampar, comer, dormir… pra daí então reunir nossas forças e seguir em direção ao próximo platô. Na prática, isso significa que no curso de nossa evolução nós vamos evoluindo por níveis, que nem sempre estarão muito claros para nós, mas que nós vamos sentir ao atingir novos feitos, percepções, conquistas…

                    Nesse caminhar em direção ao topo, não é incomum que pessoas se juntem a nós, mesmo que por períodos muito breves de tempo, porque estamos cada qual trilhando um caminho que é só nosso (como indivíduos) mas todos os caminhos seguem em direção ao topo (ainda que alguns andem várias vezes em círculos antes de finalmente iniciarem a subida rumo ao próximo platô), e é muito natural que nós troquemos experiências de viagem com esses companheiros, e até cheguemos a formar com eles um coletivo que tenta analisar juntos os melhores caminhos ao topo. Seja qual for o caminho que você está trilhando, ele te trouxe até aqui.

 Que a Serpentarius possa ser pra você um novo platô ou uma valiosa parceira nessa Jornada Infinita da Evolução.

-Cazmilian Zórdic

“Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais; caminhante, não há caminho, se faz caminho ao caminhar” (Antonio Machado)