O nosso Universo está cheio de coisas que nos são aparentes (percebidas por nossos sentidos) e inaparentes (não percebidas por nossos sentidos). Essas diferenças de percepção se dão de acordo com o nível evolutivo individual e coletivo, de forma que há muitos indivíduos e sociedades que percebem algo que os demais não perceberam, ou então o oposto. Dentre a infinidade de coisas não percebidas, está o Vazio Etérico.

                Esse Vazio está presente em tudo, através de tudo, tudo veio dele e tudo retornará a ele, e por isso eu costumo dizer que esse Vazio é uma das características de Deus (Deus enquanto criador). Na perspectiva Hermética Deus existe da mesmíssima maneira: em tudo, através de tudo, de onde tudo emana e para onde tudo transcende. O Éter é Deus na perspectiva elemental.

                Mas por quê “Vazio”? Quando pensamos no Vazio nosso intelecto começa a ficar um pouco aflito e nos mostra imagens de coisas que não são vazias… se eu te peço para imaginar o Vazio, você provavelmente imaginará um fundo todo branco ou todo preto, ou alguma outra coisa que NÃO É vazia de fato, e sim OCA, uma vez que está sempre contida em alguma coisa, ainda que aparentemente não haja nada em seu interior. Esse Vazio Etérico é na verdade pura potência, ele é na verdade tudo o que existe! Você consegue imaginar algo que seja tudo ao mesmo tempo? É aí que nossa percepção ainda não alcança, e por isso percebemos esse Vazio. Algo que seja tudo ao mesmo tempo não pode tomar forma, pois a partir do momento em que ele se tornar uma coisa ou um conjunto de coisas, ele deixa de ser todas as outras. O único jeito de ser todas as coisas é não ter forma, ser Potencialidade pura, ou seja, o VIR A SER, como probabilidade.

                É de acordo com a probabilidade que as coisas vão surgindo do Vazio no nosso Universo, e como aqui nada está parado (ou seja, tudo se move e se transforma, tudo está na impermanência e portanto repleto de transitoriedade) essas coisas que são “criadas” tendem a se dissolver em algum momento, voltando a ser Potência.

                Isso não acontece sem finalidade… toda vez que a Potencialidade manifesta algo e depois esse algo volta a ser Potencialidade, existe uma série de coisas que só são possíveis de ser percebidas na perspectiva desta coisa que foi criada, então essa Potencialidade permite-se experimentar a tudo através da criação, mas como tudo vem dessa Potencialidade, ela está na verdade experimentando a si mesma.

                É nesses processos de contração (tomada de forma) e expansão (dissolução da forma) que nosso Universo evolui. “O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo”, já diz a Tábua de Esmeralda, nos indicando que nosso Universo é um grande Fractal onde o mesmo padrão se repete infinitamente em infinitos níveis, de forma que o Humano é o Micro e Deus é o Macro. Dito isto, podemos fazer o paralelo entre isto e o nosso processo de nascer e morrer múltiplas vezes (reencarnações) para auto-observação e aperfeiçoamento. Como não existe lado de fora em nosso Universo, mesmo que eu observe a Natureza, o Cosmos, e até a outras pessoas, estarei a observar a meu próprio ser.

                Isto é o Vazio não vazio: a Potencialidade sem forma que é tudo ao mesmo tempo. E esse Vazio não vazio não é somente a origem e o destino de tudo, mas também o espaço onde tudo pode se manifestar. Você consegue imaginar uma pessoa, um objeto, ou seja lá o que for, que exista por conta própria, sem estar em nenhum lugar? Em nosso Universo, tudo o que existe (ou seja, o que foi criado ou o que está manifesto) está existindo em algum lugar, e por isso, o ambiente e o existente não são separados um do outro. Deus é tudo, em tudo, através de tudo, mas ainda podemos esquematizar o infinito que é Deus em duas sub-categorias (igualmente infinitas, já que estamos falando de algo que existe Fractalmente): aquilo que está não-criado ou não-manifesto, que podemos chamar de Potencialidade, e aquilo que está criado ou manifesto, que podemos chamar de Demiurgo. Um não é separado do outro, aquilo que é infinito e existe em si mesmo em um Fractal não pode ser separado de nada, ou seja, essas subdivisões que se faz daquilo que é infinito são apenas meios de nos auxiliar em direção a uma percepção que nós não temos de uma forma consciente, e por isso é que todas as Verdades sobre qualquer coisa são apenas meias-verdades. Pense em uma cadeira, por exemplo. Se tudo existe em tudo, a partir de que momento a cadeira passa a ser cadeira? Se eu desmontar essa cadeira peça por peça, onde está a cadeira? Nas pernas? No encosto? Onde? Percebe então que a cadeira é só uma forma de perceber um pedaço desse infinito Fractal onde tudo está contido em tudo? Não se pode separar nem essa cadeira nem nada de todo o restante que existe.

                Tudo é parte do Vazio não vazio, seja a partir dele (como potencialidade que, através das probabilidades, veio se manifestar) ou contido nele (uma vez que o Vazio é também o espaço onde tudo o que é possível pode vir a se manifestar).

 

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