Sobre as Orações

             As orações são maneiras verbais de expressar nossa Vontade, lançamento de feitiços, limpeza e banimentos mágicos, propiciar Estados Alterados de Consciência e estabelecer contato com o Divino (ao possibilitar os Estados Alterados de Consciência). Seja na forma de longas orações de louvor, gratidão, pedido, repetições mântricas e uma série de demais possibilidades, ao focarmos nas orações desenvolvemos aspectos internos como: foco, criatividade, abertura interna (ou seja, cessarmos por alguns instantes uma resistência que impomos a Vida e ao funcionamento do nosso Universo, já que queremos estar no controle de tudo o tempo todo), calma, esperança e fé.

            As orações são uma espécie de meditação e por isso obtém efeitos similares. Pessoas que conseguem atingir um estado de fé forte o suficiente frequentemente entram em transe durante orações ou recitações mântricas. Nesses estados alterados recebem inspirações que as ajudam a resolver problemas, compreender melhor nosso Universo, expandem a consciência de forma que a pessoa passa a ver por novas perspectivas os assuntos que já conhecia e agora pode aprender um conjunto de coisas totalmente novas a partir deles.

            Muitas vezes somos levados a acreditar que oração por si só tem alguma força e que basta recitá-la para que obtenha efeitos, mas isso é apenas parcialmente verdadeiro, uma vez que o que dá força real às orações, feitiços, etc é a carga emocional e o estado de consciência que acessamos através delas. Isso implica no seguinte: as orações e mantras, sozinhos, são apenas palavras. A carga emocional é como um potente motor interno que todos nós possuímos, enquanto nossa mente é o guia dessa força. A emoção movimenta, a mente dá direção ao movimento.

            Para realizar uma oração corretamente, devemos então nos permitir acessar emoções (relacionadas ao objetivo da oração) com fervor e, ao invés de nos descontrolarmos e nos deixarmos guiar por estas fortes emoções, usar nossa mente e força de Vontade para direcioná-las a um objetivo (e nisso entra a utilidade da oração: é um meio de manter a mente focada nas palavras e seus significados, guiando a carga emocional na direção apropriada, similar aos mapas que os navios a vela, impulsionados pelo vento, usam para seguir em rotas seguras até os objetivos, por mais que não possam controlar o vento).

            Emoções podem ser induzidas. Nosso emocional não reconhece a diferença entre o que imaginamos e o que é de fato real, e por isso ficamos irritados ao lembrar de uma discussão, chateados ao lembrar de algo ruim que nos disseram ou gargalhar ao lembrar de uma situação engraçada. A oração, através de suas palavras, visa estimular a imaginação com as imagens e símbolos desejados que por sua vez estimulam nosso emocional, que, como já foi dito, é um poderoso motor.

            Estados de consciência também podem ser estimulados de acordo com o que é pretendido. As palavras da oração são uma base concreta com que a mente racional consegue fixar-se e manter-se focada e objetiva, proporcionando uma diminuição cada vez maior nas conversas incessantes da mente inquieta, até que esteja tranquila e toda sua potência focada como um raio em uma direção específica (portanto é seguro dizer que quando melhor a qualidade da concentração da mente na oração, mais o emocional reagirá a ela, uma vez que os símbolos e imagens evocados parecem mais e mais genuínos e palpáveis).

Compondo uma Oração

            O processo é muito menos complexo do que todo o obscurantismo a respeito do assunto faz parecer. Uma Oração não é diferente de uma conversa sincera, um pedido sincero, um poema inspirado ou uma melodia.

            Para começar, foque em sua mente um objetivo: o que você pretende com essa oração? Defesa, Cura, Agradecimento, Louvor…? As possibilidades variam de acordo com a imaginação de cada um.

            Uma vez estabelecido o objetivo da oração, faça uma lista de símbolos e imagens que estão associados a este objetivo. Por exemplo: Uma oração de Louvor a Deus associará símbolos como o processo de criação, a Divindade, as qualidades do Divino, nossa relação com esse Divino, como age esse Divino… uma oração de Defesa evocará símbolos e imagens de força, poder e proteção, tais como a força protetora do Universo, a mãe feroz a proteger a cria, escudos, exércitos, etc. Creio que esses dois exemplos tenham deixado claro que por “símbolos e imagens” estou falando de alegorias que possam estimular a mente e a emoção na direção do que é pretendido.

            Dedique algum tempo para sintonizar-se com essas imagens e alegorias, sinta a inspiração intelectual e emocional que elas te proporcionam. Se elas não te estimulam de forma alguma, procure alegorias diferentes que tenham sentido e efeito em você.

            Uma vez que você tenha emergido nessa emoção e fluxo de pensamentos, coloque-se em um estado de passividade: apenas deixe que a mente trabalhe em outras imagens e palavras ligadas a essa emoção e pensamentos. Acredite, nossa mente é muito mais habilidosa e competente do que acreditamos normalmente.

            Se você tiver o lado criativo relativamente desenvolvido, pode, enquanto totalmente inspirado(a) nesse fluxo emocional-intelectual, compor um poema que se tornará a Oração. A mente humana reconhece e gosta de padrões e tem muita facilidade em lidar com eles, portanto as rimas de um belo e inspirado poema agradam e se fixam muito mais facilmente em nossa mente do que outras estruturas verbais.

            Se você não quer compor um poema ou não tem esse lado criativo desenvolvido o bastante para tal, primeiro recomendo que busque desenvolvê-lo, já que a imaginação é poderosíssima ferramenta de criação humana e fundamental na prática espiritual. Ainda assim, é possível fazer orações que não sejam rimadas, como é o caso da esmagadora maioria delas. Apenas estabeleça uma estrutura como se fosse um texto curto. Em redações, temos Introdução, Desenvolvimento e Conclusão, e numa oração (poética ou não) seguimos a mesma estrutura.

            Inicie evocando aquilo que você quer contatar (a Defesa, a Divindade, a Cura, etc), trazendo as alegorias e expressões que você percebeu anteriormente que te inspiraram.

            Desenvolva o meio da oração reforçando as alegorias iniciais e declarando sua intenção com a oração (se é uma oração de Gratidão, por exemplo, é nesse momento que você começa a agradecer).

            Conclua a oração evocando mais uma vez alegorias que te inspirem. Encerrar uma oração não é diferente de encerrar um texto ou poema. Você pode usar uma frase que resuma a oração inteira, simplesmente concluir a ideia abordada na oração, usar frase de efeito ou uma palavra que tenha poder para você. Não há realmente mistério aqui.

            Todos esses passos que foram dados não são estáticos nem sólidos. No fim, cada um é que sabe a melhor maneira de expressar a si mesmo(a). O objetivo deste documento é apenas dissipar a névoa obscurantista e a falta de abordagem a respeito do assunto.

            No caso dos mantras o processo não é diferente: são nomes ou frases bastante curtas que estão relacionadas as forças que a pessoa que as recita quer sintonizar-se. Talvez o diferencial esteja no fato de que ao recitar um mantra, a pessoa que recita deve conhecer profundamente todos os elementos envolvidos dentro do mantra, para daí então inspirar-se. Usar um mantra sem conhecer os elementos que o compõe (quem são aqueles deuses que são citados e quais forças representam, como se manifestam, etc) será o mesmo que ler qualquer outra coisa que não tenha importância para você: não vai te inspirar a nada, te sintonizar a nada e portanto não terá efeito.

            Para compor um mantra o processo é bastante simples: basta seguir os passos da composição de uma oração até o momento de escolher as alegorias e deixar-se inspirar por elas, e então escolher, dentre as próprias alegorias, nomes ou uma frase curta que resumam toda a complexidade desse Estado de Consciência.

Usando uma Oração

            Não há mistérios aqui também: a oração deve te inspirar intelectual e emocionalmente. Permita-se ser inspirada(o), levada(o) pelas alegorias e palavras da Oração.

            A repetição é ferramenta comum, uma vez que as Orações costumam ser relativamente curtas e a maior parte das pessoas não atinge um estado de inspiração muito profundo recitando apenas uma vez. Com o tempo de repetição, nós vamos pouco a pouco mergulhando e nos deixando levar pela Oração e assim atingimos o Estado de Consciência desejado (intelectual e emocionalmente falando, que acabam por fundir-se em uma terceira coisa, maior que a soma dos dois elementos anteriores).

            É importante que a pessoa a recitar a oração a saiba de cor, pois assim evoca diretamente aquilo que já está fluindo na própria mente e que será capaz de realizar esse processo todo. Parar para tentar lembrar a oração acaba quase sempre quebrando o processo de alteração da Consciência e quase tudo se perde (o mesmo serve para rituais).

Quanto mais familiarizado você estiver com a oração, mais fácil fica entrar nesses Estados Alterados e menos repetições serão necessárias. Algumas pessoas com prática e familiaridade conseguem entrar nesses estados apenas em pensar em recitar uma determinada oração.

            É fundamental que a pessoa a recitar a oração se permita ter total confiança no que está fazendo e se entregue a essa força para que possa agir. Esse estado de confiança no Divino e entrega é o que se chama Fé, e quanto mais intensa a confiança e a entrega tanto mais intensa será a Fé. Não é ACREDITAR que dá certo, é SABER que dá certo. Ao soltar uma pedra, sabemos que ela cairá, absurdo seria se ao invés de cair ela flutuasse sem causa aparente. É esse mesmo nível de confiança e entrega que devemos ter (isso pode ser obtido com a prática, alguns levando mais ou menos tempo de acordo com a resistência interna individual a essas características –confiança e entrega).

            As orações e mantras são um ótimo meio de contato místico com o Divino, ou seja, um ótimo meio de ter uma experiência direta com o Divino (misticismo real é isso).

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